A resistência quilombola do negro no Brasil

Quando os portugueses invadiram o Brasil, entraram em conflitos com os indígenas e sequestraram os povos africanos e para cá trouxeram, teve início a formação do Brasil. O negro é um dos pilares que sustenta este país imenso, continental, tão rico, mas que esbanja uma gigantesca pobreza entre a sua população. O país do samba, do carnaval, o país dos terreiros de candomblé, das rodas de jongo, dos santos católicos negros, o país que é de Ogum, ao mesmo tempo que é de Nossa Senhora Aparecida. Um país tão diverso e que só é assim por tão negro ser!

Para cá foram trazidos povos de várias regiões da África, esses povos formaram aqui novas religiões, novas formas de viver, trouxeram a vida novas culturas. Tudo isso ocorreu na resistência e na luta contra a escravidão. Pois bem, vale lembrar que tem quem ache que o negro nunca lutou contra as suas dores, muito se enganam, o negro lutou contra a escravidão desde que o primeira africano foi feito escravizado e hoje segue lutando contra o racismo, por igualdade e por um mundo melhor.

Roda de capoeira, uma das formas mais antigas de luta do negro no Brasil.
Imagem: Jornal Bahia Noite e Dia.

As formas de luta foram várias e sempre vieram junto de uma forte preservação cultural, a luta veio da religião e da busca por manter as tradições fúnebres, assim como veio da música, da dança, das formas de organizar o mundo que existiam em África. A partir daí, os escravos tinham formas de resistência desde cometer suicídio, sabotar plantações, trabalhar mais devagar, fingir doença até queimar plantações, fugas individuais e organizadas e maior de todas – Os Quilombos.

Os quilombos na luta contra a escravidão

A incorporação de um termo africano a língua portuguesa, a palavra “quilombo” faz referência a “esconderijo” e no Brasil, durante a escravidão, significou sociedades alternativas e independentes, criadas por escravos que organizaram fugas em conjunto. O mais famoso e antigo é o Quilombo dos Palmares, levantando em Pernambuco, na Serra da Barriga em 1597 e durou até 1704. Sim, mais de 100 anos de pé lutando contra a escravidão, constituindo um governo próprio, uma terra própria onde não havia nem escravo e nem riqueza só para alguns e pobreza para vários.

Estátua de Zumbi dos Palmares, grande líder do Quilombo dos Palmares, localizada na praça da Sé, Pelourinho. Imagem: Jornal a Tarde, UOL.

Mas não foi só Palmares, houveram quilombos em todo o Brasil, com predominância aos territórios rurais. Em Minas Gerais, terra do Macuco, do ano de 1711 a 1798, haviam pelo menos 127 refúgios de escravos. No caso do Vale do Jequitinhonha, trata-se hoje de uma das maiores concentrações de quilombos do Brasil. Uma das regiões mais ricas em cultura em todo o país.

Projeto Quilombos do Jequitinhonha.

Os quilombos foram formados pelos escravos que foram levados para a região para fazer o trabalho pesado na mineração do ouro, e como em toda a história da escravidão, resistiram e formaram os quilombos da região. O Quilombo do Macuco, Mata-Dois, Gravatá, Pinheiro, Quilombo, Bem-Posta, Santiago, Cabeceiras, Capoeirinha, Curralinho, São Benedito do Capivari, São Pedro do Alagadiço, Ribeirão da Folha, e todos do município de Minas Novas e como de todo o Vale do Jequitinhonha que ainda não possuem certificação pela Fundação Palmares; são formados pela luta e resistência do povo negro. Esse povo tão diverso que, daqui em diante, estudaremos juntos, inclusive, no Quilombo do Macuco e no Vale do Jequitinhonha, temos um grande trabalho pela frente.

Vinicius Souza Fernandes da Silva

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