Fases do Movimento Negro

Desde os primeiros dias de escravidão no Brasil, a população negra seguiu lutando em busca de liberdade. No século XIX, no dia 13 de maio de 1888, a famosa Lei Áurea foi assinada e a lei passou a reconhecer a liberdade do negro na sociedade brasileira, tornando crime a escravidão. O problema é que com a lei, não veio a inclusão, dessa forma, o negro permaneceu lutando, mas agora por igualdade e inclusão.

Essa luta ficou conhecida como movimento negro, que é a ação política, social e cultural contínua do negro na sociedade em busca da igualdade, ou seja, do fim do racismo. Contudo, essa luta é muito diversa e pode até mesmo ser dividida em grandes períodos diferentes e até mesmo em cada período, existem várias divergências nas organizações desse movimento.

O início do movimento negro

Alguns anos depois da abolição, o Brasil entrou no período denominado de Primeira República. O país dava os seus primeiros passos enquanto uma nação formalmente livre e agora sem rei. Nos anos 20, havia muita discriminação racial nos mais diversos espaços: política, trabalho, cultura, lazer, esporte, entretenimento. Porém, era um tipo de racismo nunca dito, que ninguém admitia. Acreditava-se até que o Brasil era o país da democracia racial, que o racismo aqui era uma lenda. Já o negro, sabia bem que o racismo era uma realidade, pois sentia na pele.

Pensando em como agir contra a opressão racial, a população negra do Brasil, começou a se movimentar. Já nos anos 20 várias organizações culturais foram surgindo e também a imprensa negra. A imprensa negra teve muita força em São Paulo, com jornais bem conhecidos como o do socialista negro José Correia Leite, intitulado de “O Clarim da Alvorada”. Em 1931, em São Paulo, alguns membros da imprensa negra junto com outros militantes se juntaram e criaram a Frente Negra Brasileira – uma organização que tinha o objetivo de integrar o negro na sociedade brasileira.

A Frente Negra atuou até 1937, quando Getúlio Vargas instaurou a Ditadura do Estado Novo e criminalizou todas as organizações e partidos políticos. Mas antes de chegar ao fim, a Frente Negra Brasileira, lutou contra o racismo criando escolas, ajudando a população negra a conseguir emprego, criando clubes recreativos e o jornal “A Voz Da Raça”. Essa perspectiva de querer incluir o negro na sociedade como ela é, durou durante muito tempo até quem em 1964 começou uma ditadura militar no Brasil.

A ditadura militar e o Movimento Negro Unificado

Em 1978, período no qual o Brasil vivia uma ditadura militar apoiada pelos Estados Unidos, a população negra indignada com o racismo, principalmente a violência policial, criou o Movimento Negro Unificado, uma organização nacional que foi lançada na escadaria do Teatro Municipal de São Paulo. O MNU, sigla da organização, existia de norte a sul, leste a oeste, estava no Brasil todo. Diferente da Frente Negra Brasileira, o MNU não queria integrar o negro na sociedade como ela é, o MNU queria criar uma nova sociedade na qual não existe racismo e desigualdade – uma sociedade livre e igualitária.

O MNU entendia que não seria possível gerar liberdade e igualdade para o povo negro se o Brasil permanece com o modelo político e econômico que tinha. Então, em meio a tanques de guerra, prisões e torturas o MNU reivindicou uma sociedade democrática, socialista e igualitária, com um programa que acabava com a exploração, a violência, a opressão, a desigualdade e todas as formas de exclusão.

Fundado na década de 70, o MNU lutou contra a ditadura também e trouxe novos elementos para a luta, como a questão da mulher negra e a sua opressão, a identidade e beleza africana e afro-brasileira e até mesmo o debate sobre diversidade sexual. O MNU existe até os dias de hoje e segue lutando junto as novas gerações.

O movimento negro atualmente

Atualmente o movimento negro tem muitas lutas, como a permanência da política de cotas raciais e sociais nas universidades, o reconhecimento e proteção dos territórios quilombolas, o fim do racismo religioso, da violência policial e do encarceramento em massa e maior participação na política. Com a pandemia e as desigualdades em torno dela, o movimento negro tem estado diretamente ligado a campanhas de combate a fome e ações de solidariedade para quem está passando dificuldades.

O movimento segue gritando que não haverá democracia enquanto houver racismo, enquanto o negro for excluído e massacrado nessa sociedade. Sendo assim, o movimento negro segue construindo um Brasil mais democrático, menos desigual e mais humano.

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